Mangava-brava: o poder curativo que nasce no coração do Cerrado

A Mangava-brava (Lafoensia pacari), também conhecida como dedaleiro, pacari, mangabeira-brava ou mangava-do-campo, é uma árvore nativa do Cerrado brasileiro, amplamente utilizada na medicina popular por suas propriedades anti-inflamatórias, digestivas, cicatrizantes e antioxidantes.

Suas casca e folhas são as partes mais empregadas em preparos medicinais, especialmente em chás, extratos e tinturas, indicados tradicionalmente para problemas estomacais, gastrite, úlceras, inflamações e feridas na pele.

Além do valor terapêutico, a Mangava-brava também tem relevância ecológica e cultural, sendo uma espécie importante na fitoterapia do Cerrado e usada há gerações pelas comunidades tradicionais brasileiras.


Características da planta

  • Nome científico: Lafoensia pacari

  • Família: Lythraceae

  • Nomes populares: mangava-brava, pacari, dedaleiro, mangabeira-brava, pacari-do-campo

  • Origem: Brasil (principalmente nos biomas Cerrado, Pantanal e parte da Amazônia)

  • Partes utilizadas: casca e folhas

  • Principais compostos: taninos, flavonoides, triterpenos, saponinas, ácidos fenólicos e alcaloides

Esses compostos conferem à planta suas propriedades anti-inflamatória, cicatrizante, antimicrobiana, analgésica e antioxidante, tornando-a um dos fitoterápicos mais pesquisados do Cerrado.

Benefícios e indicações tradicionais

1. Saúde digestiva

A Mangava-brava é amplamente usada para gastrite, úlceras e azia, pois seus taninos e flavonoides formam uma película protetora sobre a mucosa do estômago, auxiliando na cicatrização e no alívio da dor e queimação.

2. Ação anti-inflamatória

Seu extrato apresenta efeito anti-inflamatório natural, ajudando em inflamações internas e externas, como dores musculares, artrite, reumatismo e irritações na pele.

3. Cicatrização e cuidado com a pele

O uso tópico do chá concentrado ou pomadas à base da planta pode acelerar a cicatrização de feridas, picadas, erupções cutâneas e queimaduras leves, além de reduzir coceira e vermelhidão.

4. Ação antioxidante e protetora celular

Os compostos fenólicos e flavonoides combatem os radicais livres, retardando o envelhecimento precoce e protegendo as células contra danos oxidativos.

5. Apoio respiratório e imunológico

Em infusões, é usada para gripes, tosses e inflamações de garganta, graças à ação adstringente e antisséptica suave, que ajuda a aliviar irritações nas vias respiratórias.

6. Equilíbrio intestinal e depurativo

O chá pode atuar como leve regulador intestinal, auxiliando na eliminação de toxinas e contribuindo para o funcionamento do fígado e dos rins.

7. Potencial anticâncer (em estudo)

Pesquisas laboratoriais indicam que extratos da Lafoensia pacari apresentam atividade citotóxica seletiva contra células tumorais, sugerindo potencial antitumoral, embora ainda sem comprovação clínica em humanos.

Como usar

A Mangava-brava é utilizada principalmente na forma de chá, tintura ou extrato, sempre com orientação de um profissional de saúde ou fitoterapeuta.

Chá de Mangava-brava (uso interno)

Ingredientes:

  • 1 colher (sopa) de casca ou folhas secas picadas

  • 1 xícara (250 ml) de água

Modo de preparo:
Ferva a água, adicione a planta e deixe em decocção por 10 minutos (casca) ou em infusão por 5 minutos (folhas). Coe e beba morno.

Posologia tradicional:
1 xícara de chá, 2 a 3 vezes ao dia, por até 10 dias consecutivos.

Uso externo (feridas e inflamações na pele)

O mesmo chá pode ser utilizado em compressas, banhos de assento ou lavagem de feridas superficiais, com efeito adstringente e cicatrizante.

  • Compressas: aplicar com gaze limpa sobre o local afetado, 2x ao dia.

  • Banhos de assento: 1 litro do chá em temperatura morna, 1x ao dia.

Tintura de Mangava-brava

A tintura é obtida por maceração da casca em álcool de cereais e pode ser encontrada em lojas de produtos naturais.

  • Uso comum: 20 gotas diluídas em meio copo d’água, até 3 vezes ao dia, conforme orientação profissional.

Possíveis efeitos colaterais

De modo geral, a Mangava-brava é considerada segura quando usada de forma moderada e por curto período. No entanto, o uso excessivo pode causar:

  • Irritação gástrica ou náusea (pelo excesso de taninos)

  • Prisão de ventre leve (em uso prolongado)

  • Reações alérgicas em pessoas sensíveis

Quem não deve usar

  • Gestantes e lactantes, pois não há estudos suficientes sobre segurança.

  • Crianças pequenas, salvo orientação médica.

  • Pessoas com constipação crônica ou problemas hepáticos graves.

  • Indivíduos em uso de medicamentos contínuos devem consultar um médico, pois a planta pode potencializar ou interferir em alguns tratamentos.

Dicas de uso seguro

  • Use por curtos períodos (até 10 dias) e com intervalos entre tratamentos.

  • Prefira casca e folhas de origem confiável, de produtores certificados.

  • Não substitua medicamentos prescritos sem orientação médica.

  • Para uso prolongado ou com outros fitoterápicos, busque acompanhamento profissional.

Conclusão

A Mangava-brava (Lafoensia pacari) é uma planta do Cerrado de alto valor medicinal e cultural, reconhecida por suas ações anti-inflamatória, cicatrizante, antioxidante e protetora do sistema digestivo. Quando utilizada corretamente e sob orientação profissional, pode ser uma excelente aliada no cuidado natural à saúde, especialmente em distúrbios gástricos e inflamatórios.

No entanto, como todo fitoterápico, seu uso deve ser consciente e moderado, respeitando as orientações de dose e duração, para que seus benefícios sejam aproveitados com segurança e eficácia.

Compartilhar: